top of page

Blog de Experiencias

Couchsurfing no Japão

  • pmdscortez
  • 2 de abr. de 2017
  • 4 min de leitura

Atualizado: 31 de mai. de 2020

É impossível pensar nas minhas melhores experiências enquanto viajante sem me lembrar das incríveis pessoas que me deram um sofá ou mesmo uma cama para passar a noite, sem me cobrar um único tostão.

É este o conceito do couchsurfing, mas muito mais do que simplesmente teres uma noite de dormida grátis é o facto de poderes conhecer os hábitos e cultura do país em que estás através do ponto de vista íntimo do teu hosta pessoa que te recebe em sua casa.

O Japão era o meu último país depois de uma viagem de 2 meses no Sudoeste Asiático por isso pagar $30 por noite estava completamente fora do meu alcance. Por sorte/amabilidade das pessoas foi-me oferecido estadia em Osaka e Kyoto e daí surgiram histórias que nunca mais me esquecerei.

Assim foi a minha experiência:

Depois de uma viagem de 2 meses a conhecer o sempre fascinante Sudoeste Asiático (e sem antes dar um saltinho em Seoul para me despedir de todos os meus amigos de intercâmbio) embarquei noo voo para Osaka.

Sempre tive imensa curiosidade para visitar a “Terra do Sol Nascente” e a melhor forma de conseguir fazê-lo com o pouco dinheiro que me restava era utilizar a plataforma couchsurfing para poder conhecer locais e poupar dinheiro em estadia.

Assim que eu e Rita chegámos à terceira maior cidade japonesa, dirigimo-nos para a estação de comboios, onde tínhamos previamente combinado ponto de encontro com Ryo (no meio da foto de capa deste post), o nosso host nesta cidade.

Fomos imediatamente recebidos com um enorme sorriso e um reconfortante “Welcome!”. Não tivemos de caminhar muito até chegarmos a acolhedora casa de Ryo que depressa nos serviu um jantar típico.

IMG_20150208_091749

Sim aqueles peixes comiam-se assim inteiros, mas eram deliciosos


Fiquei pasmado a olhar para a nossa mesa:  sopa miso, peixes grelhados, bolinhos de ovo e rolos de arroz…era realmente um banquete japonês com a experiência completa (inclusive comermos no chão com uma mesa baixa).

Aqui tivemos oportunidade de conhecer melhor Ryo, um apaixonado por outdoors que explicava a sua vontade de receber pessoas em casa: “I can’t afford to travel the world, so I make the world come to me”,  – fiquei realmente emocionado com estas palavras, não só por, uma vez mais, aperceber-me da sorte que tinha em poder viajar,  mas também porque pessoas como Ryo fazem deste mundo um lugar melhor.

De seguida Ryo mostrou-nos o colchão que tinha preparado para nós, na sua casa tipicamente japonesa, que foi ideal para uma boa noite de sono.

IMG_20150207_004952

Por esta altura tínhamos demasiadas malas depois de voltarmos de Erasmus


No dia a seguir de manhã  Ryo seguiu para o seu trabalho enquanto nós tínhamos a possibilidade de explorar Osaka. Assim que abrimos a porta de casa, apercebemo-nos que estávamos realmente dentro de um bairro tipicamente japonês.

IMG_20150207_120813

Estas casas do bairro de Ryo pareciam vindas directamente da série “Doraemon”


Depois de um dia inteiro a conhecer Osaka, encontramo-nos ao final da tarde com Ryo para prepararmos uma refeição típica portuguesa, como forma de agradecimento pela amabilidade do nosso anfitrião.

Quando fomos ao supermercado rapidamente as nossas duas soluções de chefes amadores caíram por terra: não havia pato para arroz de pato, nem bacalhau para fazer à brás. Sendo assim a nossa solução foi…francesinhas. Porquê? Ainda me pergunto hoje sempre que me lembro desta história.

Caso esta experiência corresse mal, trouxemos chocolate para fazer um salame (afinal  esta sobremesa pelo menos não tem forma de correr mal).

Começámos a fazer o molho das francesinhas (já aldrabado pois nem marisco tínhamos) e rapidamente nos apercebemos que a quantidade dava no máximo para…barrar na fatia de pão no topo da francesinha. Como se isto não fosse já stressante, estávamos atrasados para o jantar (afinal era suposto mostrar a tradição portuguesa não é?) no atelier de artes de uma amiga de Ryo.

IMG_20150206_201517

Na mesa as deliciosas okonomiyaki, ao fundo a grelha onde íamos tentar a nossa sorte


Tivemos tempo então para acabar o molho e fazer o salame de chocolate e assim que chegámos ao atelier de artes tínhamos uma mesa já preparada para nós por dois amigos de Ryo que nos receberam com um “Konnichiwa!”.

Por esta altura eu e Rita olhávamos um bocado nervosos um para o outro: na mesa estavam deliciosas okonomiyaki (panquecas japonesas) e nós ainda nem as francesinhas tínhamos prontas.

Fomos os dois para a grelha onde começámos a empilhar o fiambre, queijo, bacon e ovo (numa versão modesta do prato) para depois barrarmos  cada “francesinha” com o pouco de molho que havia para os 5.

IMG_20150206_202730

Uma francesinha muito muito muito humilde (desculpa Porto)


Assim que os vimos a deliciar-se com o que para nós acabava por ser uma sandes com molho de tomate em cima, ficámos felizes de ver as reações:

“Ohhhhhhh, ohhhhh”

“Good,good!”

“Oishi!!!!” (delicioso em japonês)

Não sei se realmente gostaram ou foi pura simpatia (acredito mais nesta última hipótese), mas a verdade é que quando trouxemos o salame as caras de felicidade não enganavam e as reações contidas  foram completamente deitadas abaixo e substituídas por “Oishi, oishi, oishi”.

Depois de uma agradável noite com cozinha de fusão japonesa-portuguesa e alguns copos de vinho, agradecemos a amabilidade de todos e voltámos para a casa de Ryo. Na manhã seguinte, despedimo-nos desta pessoa que tornou os nosso dias em Osaka inesquecíveis.

ありがとう Ryo, o meu amigo Japonês!

Comments


bottom of page