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Blog de Experiencias

Autocarros na Guatemala – mais que uma simples viagem

  • pmdscortez
  • 28 de abr. de 2017
  • 3 min de leitura

Atualizado: 31 de mai. de 2020

Sentado no último lugar do chickenbus, com a janela completamente aberta deixando o vento passar na minha cara enquanto olho para as imensas colinas verdes da Guatemala, cada vez mais me apercebo que este é um país que segue a velha máxima de “o que interessa não é o destino, mas sim a viagem”.


Na verdade, sentado não é a melhor forma de descrever a minha posição – acabo por passar mais tempo no ar, já que as rodas deste autocarro passam constantemente pelos inúmeros buracos da estrada que liga San Pedro a Santa Cruz del Quiche. A minha mala, essa já vai presa na rudimentar estrutura metálica montada na capota do autocarro. Por esta altura vai acompanhada de sacos de batatas, caixas com galinhas, sacões de roupa enormes ou mesmo varas de metal – tudo atirado para o telhado por ordem do pequeno local, ajudante do condutor.


Mas não se enganem, este trabalho é tudo menos fácil: assim que uma pessoa embarca neste “autocarro” que nem chega a ficar completamente imobilizado (perder tempo é perder dinheiro), cabe a este pequeno senhor carregar os pertences do passageiro até ao topo do autocarro, voltar para baixo e procurar por mais passageiros nas imediações. Não existem mais passageiros? Então agora é preciso correr em frente porque o autocarro já seguiu: afinal o tempo na Guatemala pode passar muito devagar, mas não para quem depende deste negócio para o seu sustento e para tal precisa de fazer várias viagens ao dia.

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O trabalho ainda não acabou aqui. Depois de saltar para dentro do chickenbus e gritar “Dale, dale, dale!!!” é altura de recolher o dinheiro dos passageiros que se sentaram e decorar o lugar onde estes vão sair para dar indicações ao condutor de onde parar.


Saio com um enorme sorriso em Santa Cruz e agradeço ao condutor, que obviamente assim que pus um pé no alcatrão arrancou por estrada fora. Está na altura de trocar para outro transporte, agora uma minivan para me levar mais perto de Semuc Champey, onde os acessos são bastante complicados.


Não preciso de esperar muito até encontrar a pequena carrinha que faz o acidentado percurso até Cobán em 5 horas. Entro naturalmente encurvado, com o meu típico ar de turista gringo (designação para turistas na América Latina), procurando um lugar vago para me sentar, mas tendo em conta que para 9 lugares já se encontram 12 pessoas sentadas, sobra-me um lugar sortudo: fico com as pernas esticadas na pequena passagem entre lugares.

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Aqui não existem horários: O Chickenbus sai quando está cheio


A sorte não dura muito já que 20 minutos depois estamos a parar e o condutor consegue sacar de uma amostra de banco e coloca-la na passagem, exactamente onde estavam às minhas pernas. À minha frente senta-se um típico cowboy, com um chapéu de abas que bate constantemente na minha cabeça durante a viagem aos solavancos.


A viagem é interrompida de 20 em 20 min para pegar/largar pessoas ou dar oportunidade aos locais de entrarem na carrinha com os seus produtos:

“Hay papaya,mango,piña”

“1 Quetzal* solo”

“Todavia hay tiempo para comprar”


Enquanto a carrinha volta a arrancar, contemplo os locais à voltarem para o mar de cores formado pelas pessoas vestidas nos seus típicos trajes da Guatemala.

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Guatemala: um país de cores


Chego a Cobán depois de 5h já sem tempo de conseguir transporte para Semuc Champey.

Guatemala e os seus transportes… por nada deste mundo gostaria que mudassem!

*Quetzal – moeda local

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