Um trekking especial
- pmdscortez
- 19 de mar. de 2017
- 3 min de leitura
Atualizado: 31 de mai. de 2020
A chegada a Inle Lake pode ser feita de autocarro como tantas outras…ou então, pode ser uma aventura de 2-4 dias de caminhada pelas paisagens vivas do Myanmar, passando pelos campos agrícolas, pequenas tribos, escolas públicas e mosteiros budistas, sendo estes são o teu local de dormida e de…jogos de futebol com monges.
Assim foi a minha experiência:
Estava a viajar com Methin, um sueco que viajava à volta do mundo e que trazia uma advinha de cada país que passava. Apesar de as viagens de autocarro nunca serem aborrecidas porque havia sempre advinhas para eu tentar decifrar, decidimos aproveitar para em vez de simplesmente apanhar um autocarro até ao Lago Inle, fazer um percurso de 2 dias de caminhada.
O percurso partia de Kalew a 30 km do Lago Inle e demorava 4 dias, mas como um grupo já tinha partido há 2 dias foi nos oferecido a possibilidade de irmos apenas 2 dias o que para a nossa carteira, era uma boa opção.

O templo onde encontrámos o resto do grupo
Assim sendo, apanhámos boleia de uma pickup que nos levou até ao mosteiro em cima, onde o resto do grupo acabava o seu almoço.
Rapidamente nos apresentámos aos 4 polacos com quem iríamos caminhar durante os dois dias que estavam acompanhados de Min, o nosso guia de apenas 17 anos (!!).
Começámos a caminhar debaixo do sol forte das planícies da região do estado Shan, mas a brisa refrescante e a boa disposição do nosso grupo fazia esquecer os quilómetros percorridos.

Pelo caminho íamos passando por várias pessoas que representavam no seu estado puro o dia-a-dia da vida nestes campos do Myanmar

À esquerda o nosso guia debaixo de um chapéu

“Passas-me a faca?”
Pelo meio podemos passar por um rio para nos refrescarmos e sentarmos para recuperar alguma energia. A boa disposição, essa nunca se perdia quer pela diversidade entusiasmante do nosso grupo quer pelas piadas de Min (que nem sempre eram boas), mas que arrancavam sempre sorrisos das nossas caras.
Pouco antes do pôr-de-sol chegávamos ao nosso local de dormida que era…um mosteiro budista. Até este momento não sabia deste privilégio por isso a minha primeira reação foi procurar por tendas à volta do mosteiro até realmente perceber que nos deixavam dormir aqui dentro.

Ali mesmo, debaixo daquelas torres passámos a nossa noite
Assim que chegámos, vários miúdos começaram a correr na nossa direção com uma bola de futebol nas mãos e apesar de não saber mais do que “Olá” e “obrigado” na língua local, aquele momento pareceu-me um símbolo bastante internacional.
Uma bola de futebol, 2 equipas diferentes, sorrisos na cara e uma atitude competitiva…tudo demonstrou-me que este desporto não conhece fronteiras.

Os corajosos que nos enfrentaram
Obviamente que estou a brincar, não em relação ao jogo de futebol, porque esse sim aconteceu contra adversários mais “crescidos” que os jovens da fotografia em cima.
O nosso grupo formou uma equipa e alguns monges do mosteiro combinados com pessoas da tribo local constituíram a equipa adversária que no final nos deixou a ofegar no chão…afinal o budismo parece mesmo fortalecer o corpo e alma.
Sim, eu fiz uma assistência perfeita e Kuba, um dos polacos falhou. Não foi por acaso que eliminámos a Polónia neste último Europeu.
À noite Min acendeu umas velas e foi-nos servida uma deliciosa refeição (incluída no nosso programa). Depois de uma caminhada, jogo de futebol e finalmente de barriga cheia era altura de nos deitarmos nos colchões deixados no interior do templo.
No dia seguinte acordámos cedo para mais um dia inteiro de caminhada. Foi sem dúvida um despertar diferente uma vez que a primeira coisa que via mal abria os meus olhos era uma série de estátuas de Buda.
Um dos primeiros sítios no caminho foi uma escola pública e a nossa passagem despertou o interesse de todos os alunos curiosos.

O recreio da escola

A farda da escola aqui é bem colorida

Onde é que anda a professora??
A caminhada nesta zona vale por tudo o que te rodeia: bom tempo, natureza no seu estado puro, a possibilidade de veres a realidade do dia-a-dia das tribos locais e o facto de teres uma perspectiva íntima das pessoas do interior do Myanmar que te recebem com este tipo de sorriso:

“Mingalaba!” – o meu fraco vocabulário por vezes era simplesmente o necessário
Depois de cerca de 2h de caminhada os trilhos começavam a descer e o Lago Inle começava a surgir bem lá no fundo, o que significava o final da nossa experiência, mas o início de outra aventura… explorar o Inle Lake!
Como eu e Mehtin não nos podíamos despedir sem uma palhaçada, parámos numa loja local para nos abastecermos de Thanaka, o protector solar natural usado pelos mais que simpáticos Burmeses.

Escusado será dizer que aquela mancha na testa foi a única parte da minha cara a não ficar queimada
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